terça-feira, 23 de outubro de 2007

Os pássaros e a política

Rodrigo Fernandes

Dizem que os pássaros conseguem pressentir os acidentes naturais antes que eles aconteçam. Aos primeiros sinais (invisíveis) de um terremoto, por exemplo, eles migram para um local livre do perigo, longe do desastre e da ameaça. Pensei nisso hoje, ao notar o fato de que algumas pessoas, como os pássaros, conseguiram pressentir que o PT seria um grande desastre para o país – e foram buscar abrigo em ninhos mais seguros.

Lembrei então de um tempo em que, ingênuo, me vi refém de uma esperança que se transformou em medo. Tinha apenas 14 anos e muitos sonhos, entre os quais ver o Brasil governado por um trabalhador. Lula era o nome dele. O barbudo que assustava os banqueiros surgia para muitos como o salvador da gente amesquinhada pela corrupção, a fome, a falta de escolas e pela ausência de cidadania. No Rio de Janeiro, onde morava, carreguei estrela no peito e bandeira vermelha nas eleições de 89, somando-me aos milhões que acreditavam na mudança. E ao ver os debates na TV, descobri minha vocação. Nascia em mim a paixão pela política. Mas perdemos as eleições para o caçador de marajás.

A esperança se renovaria com as eleições presidenciais de 94. O torneiro mecânico dessa vez enfrentaria as elites personificadas no catedrático FHC. Seria, porém, outro naufrágio eleitoral, pois o sucesso do Plano Real havia transformado Fernando Henrique no São Jorge que esmagara o dragão inflacionário. Em 98 a história se repetiria, com uma derrota fragorosa no primeiro turno.

Eis que afinal, em 2002, o Lula repaginado pelo marketing de Duda Mendonça surpreendeu nas urnas. Era a vez do social, dos trabalhadores, pensei. A vez dos descamisados miseráveis que comiam fruta podre e sonhavam com um Brasil de três refeições ao dia.

Morava já no Acre, e exercia o cargo de secretário-geral do PPS de Rio Branco. O exercício da política me tornara menos ingênuo, capaz de reconhecer méritos antes ignorados no governo FHC. E a identificar os primeiros indícios de que as coisas iam mal com o governo Lula.

O tempo me foi confirmando o equívoco da crença antiga. O Fome Zero foi um fiasco. Não adiantou que a musa Gisele Bündichen fizesse a primeira grande doação individual para os pobres do novo presidente. Falou-se em morosidade e incompetência na condução do programa mais badalado no período eleitoral. Falou-se em morosidade e incompetência nos ministérios, em incompetência e muita morosidade em todo o governo. Até que vieram as denúncias de corrupção.

Com os juros altos, os bancos começaram a ter lucros astronômicos, e começaram a bater os primeiros recordes de rentabilidade. Enquanto isso os empresários reclamavam da carga tributária – a mais alta de toda a história do país – e as filas de desemprego aumentavam a angústia de milhares de famílias. Lembrei de uma sabatina no Jornal Nacional em que o candidato petista criticou os juros e prometeu combatê-los com base no que ocorrera nos Estados Unidos. Com menos juros e impostos, prometeu, a economia voltaria aos trilhos.

Surgiram, no início do mandato, pequenos sinais do grande perigo que viria. A primeira greve enfrentada pelo ex-sindicalista no comando do país, protagonizada por agentes da Polícia Federal, fora punida com corte no ponto dos grevistas. O governo dos trabalhadores não deu refresco a quem reivindicava reajuste salarial. E em seguida os grandes investidores foram isentos da CPMF (o “imposto do cheque”), que Lula tenta prorrogar até 2010. Outros indícios de falcatruas desaguaram no corredor do mensalão, onde sacolas com dinheiro eram entregues a deputados medíocres em troca de apoio na Câmara. E o presidente nunca soube de nada.

Mas antes mesmo do mensalão e dos sanguessugas, eu já pousara em outro ninho político, cismado com tantas evidências de que o desastre viria. Como os pássaros, havia pressentido o terremoto petista que derrubou a Ética e tenta soterrar a Democracia.

Rodrigo Fernandes é presidente municipal do PSDB do Acre

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Deu no Jornal

Da coluna do jornalista Luis Carlos Moreira Jorge, n'A Gazeta desta segunda-feira:

Até que ponto?
Até que ponto o prefeito Wanderley Viana faz tudo isso que seus adversários denunciam?
Se pratica essas ilegalidades, por que ele continua liderando as pesquisas para prefeito?

Ponto pacífico
Uma coisa é certa: pelos números, a população aprova sua administração.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Donald diz que dados do IBGE podem explicar “perda” de habitantes na capital

O líder do PSDB na Assembléia Legislativa, Donald Fernandes, afirmou hoje, com base em números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que a “perda” de quase 44 mil habitantes na cidade de Rio Branco entre 2005 e 2006 pode ser explicada com base em levantamentos do próprio Instituto. Para o deputado, que também recorreu a dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da Fundação Getúlio Vargas, a qualidade de vida dos acreanos piorou.

Ele citou como exemplo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que no acre é de 0,625 (entre os piores do país). Já a educação registrava, em 2005, 142 mil analfabetos, ou 25% da população, conforme o IBGE.

“Não basta desacreditar o Instituto, como se pretendeu fazer ultimamente. É preciso cruzar outros dados disponíveis para termos uma idéia do Acre real”, alertou Donald.

Saneamento e produção
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, revela que houve aumento de apenas 0,2% na rede de esgoto entre 2005 e 2006. Donald, que é médico, lembrou que segundo estudo da Organização Mundial da Saúde, cada real investido em saneamento significa a economia de quatro a cinco reais em atendimento médico-hospitalar num prazo máximo de dez anos.

O parlamentar tucano também se baseou na PNAD para criticar o abastecimento de água no estado. Apenas 47,6% da população acreana dispõem de serviço de água encanada. Houve pouquíssima oscilação em relação a 2005.

Outro dado preocupante apontado pelo parlamentar é o que revela a queda na produção de alimentos no Acre. Entre os produtos afetados estão o feijão, o arroz e o milho. O deputado atribuiu esse resultado ao abandono da zona rural.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Os sem-florestania

O partido da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, perdeu filiados ilustres no Acre. Os líderes indígenas Sabá Manchineri, José Correia Jaminawa e Edna Shanenawa, de três etnias diferentes, deixaram PT e PC do B, sob argumento de que o governo não está preparado para lidar com a causa indígena. Eles também acusam os aliados de Marina de cooptar os índios. Quando a estratégia falha, surgem "ameaças e perseguição política", conforme afirmou Sabá Manchineri.

Vivemos sob o projeto da florestania há mais de oito anos. Não se sabe extamente o que quer dizer esse neologismo, mas graças a ele se garantiu aos aliados do ex-governador Jorge Viana mandatos na Câmara Federal (seis dos oito deputados), no Senado (dois dos três senadores), na Assembléia Legislativa (18 dos 24 deputados estaduais), o comando do governo estadual pela terceira vez consecutiva e da prefeitura da capital.

Nesse tempo todo falou-se muito em preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, mas os principais agentes da florestania (os índios) se mostram insatisfeitos com os rumos da política acreana.

Na sexta-feira, 28, Manchineri assinou ficha de filiação no PSDB. "Nenhum governo fez tanto por nós como o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso", afirmou.

Na foto estão o presidente municipal do PSDB, Rodrigo Fernandes; o presidente regional, Tião Bocalom; o líder do partido na Assembléia Legislativa, Donald Fernandes e Sabá Manchineri.

Saúde de Primeiro Mundo?

O ex-governador Jorge Viana, 47 anos, procurou o estado mais desenvolvido do país para remover um cisto no nervo auditivo esquerdo. Internou-se na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Luiz, na Zona Sul de São Paulo, para o tratamento. Oito anos de publicidade sobre as melhorias na saúde do Acre não o convenceram de que a Fundação Hospitalar poderia realizar a cirurgia. O irmão, Tião Viana, elegeu-se sob a bandeira da saúde de Primeiro Mundo, e na eleição passada chamou de "molecagem" a atitude dos adversários que lembraram os eleitores de suas promessas.

Já o sucessor Binho Marques mantém seus filhos longe da escola pública, cujos resultados pífios em exames do MEC sua turma não se cansa de amenizar sob argumentos vários. Assim, pois, são os petralhas. Para a massa que os elege, o pouco que o Estado é capaz de fazer. Para eles próprios, tudo que o dinheiro pode comprar.