Resposta à pergunta "Quem é o apedeuta?"
Nos falsos humildes, a arrogância emerge tão logo surge a oportunidade. O discurso de coitadinho do Sr. Raimari Cardoso, que vive de escrever “humildes e inofensivos comentários” em seu "singelo blog", transmutou-se em arremedo de lição catedrática ante um equívoco meu sobre uma frase atribuída a Stalin, mas na verdade de Lênin. Como ele mostrou, a máxima “xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”, que os petralhas aplicam como um mantra sobre as cabeças dos adversários políticos, é de Lênin, e não de Stalin, como erroneamente escrevi. Sim, ele está certo. Até aí tudo bem, não fosse o lambari querer a partir disso atribuir a mim um epíteto que lhe dei, e que tão bem lhe assenta: o de “apedeuta”.
Vou mostrar novamente que, mesmo tendo me surpreendido em erro uma vez, após ter sido flagrado em vários, Raimari continua a tropeçar na norma culta e a dar outros sinais de quem merece o apelido detestado. Estava já disposto a ignorar-lhe as abundantes incorreções gramaticais, mas a pergunta "Quem é o apedeuta?" exige uma resposta explicativa. Vamos a ela.
Em artigo postado na sexta-feira (este em resposta a uma réplica, o que me faz pensar que ele tem se ocupado de mim tanto quanto eu dele), de título "Tréplica", Raimari prova por si só quem é o ignaro. O texto começa com um sonoro "Escrevi há alguns dias atrás", cujo vício de linguagem prepara o leitor atento para o que virá. Ainda no primeiro parágrafo está escrito o seguinte: “... que (a fábrica de vassouras de Xapuri) foi tomada como tábua de salvação de uma administração que encontra-se perdida em um oceano de incompetência generalizada”.
Ora, ora, ora, dona Aurora. A gramática diz que a partícula “que” atrai o pronome oblíquo átono (se), exigindo o uso da próclise – se encontra – e não da ênclise – encontra-se –, como quis o apedeuta. O correto seria "que se encontra" etc.
Alguém pode dizer que é purismo demasiado exigir que se saiba sobre ênclises e próclises. Concordaria eu, não fosse a ocasião repisar evidências de que, em matéria de composição escrita, a contumácia do erro revela o quilate do autor. Cometer equívocos aos borbotões, sobretudo os de português para quem se põe a separar em texto o bem e o mal, é confirmar na forma a incompetência do conteúdo. Em outras palavras, quem escreve errado pensa mal. E se pensa mal não deve presumir que sabe o que é bom ou ruim para os outros, sobretudo quando o assunto é administração pública.
Erros todos cometem, como fez questão de me lembrar o çábio lambari com certa dose de ironia, é claro. Não foi a primeira vez que me corrigiram, e nem será a última. E como diz o velho ditado, é mais fácil um sábio aprender com um idiota que este com aquele. Não sou sábio, infelizmente, e assim estou ainda mais suscetível às lições dos imbecis.
Aqui preciso lembrar que desde que me pus ao maçante trabalho de acompanhar o blog do Sr. Raimari, tenho me deparado com deslizes gramaticais cuja reincidência diz mais do autor que todas as suas monótonas idéias políticas juntas. Corrigi-lo é um dever de ofício, ao qual ele reage com beicinho e chorumela.
Mas como sobra tempo para rever Lênin, Raimari poderia folhear a gramática de vez em quando. Ela ensina que o idioma tem regras, sobretudo para quem tem a presunção de se fazer convincente por meio da palavra escrita.
segunda-feira, 9 de julho de 2007
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