Na matemática dos privilégios reinam as divisões desiguais. O secretário de Saúde, Osvaldo Leal, aplica, por exemplo, a aritmética da camaradagem ao exercício de suas funções públicas. A secretaria que comanda paga R$ 1 mil de diária a um grupelho de bons camaradas que fazem o sacrifício de deixar seus lares para prestar serviços no Vale do Juruá. Sim, mil reais ao dia, como denunciou o médico e deputado estadual Donald Fernandes (PSDB) há quase um mês. Instado a explicar a origem dos pagamentos, Osvaldo Leal se calou.
O que deveria ser apenas um erro de cálculo na tabuada da decência ganha contornos suspeitos ante o silêncio do secretário. Nunca é demais lembrar aos companheiros recalcitrantes que eles não são donos dos bens públicos que quase sempre malbaratam com irresponsabilidade juvenil.
Na quarta-feira, a deputada Idalina Onofre (PPS) cobrou do governo as explicações que Osvaldo Leal se recusa fornecer. Idalina voltou ao tema porque não menos que cinco pessoas de Cruzeiro do Sul a procuraram para pedir auxílio para cirurgias a que precisam se submeter. Ela então quer saber o que fazem no Juruá os médicos que ganham diárias astronômicas.
Há três aspectos interessantes do modo Leal de administrar. O primeiro é que as diárias não são contabilizadas nos contras-cheques dos médicos, o que leva o deputado Donald Fernandes a afirmar que elas são ilícitas. O segundo é que um médico bom companheiro recebe, em uma semana de extras, mais do que aquele que vive no Juruá e presta serviços o mês inteiro. O terceiro aspecto diz respeito aos critérios de seleção de quem pode e quem não pode receber diárias de mil reais.
A matemática do bom senso ensina que quanto maior a vantagem, menor será o número de privilegiados.
sábado, 9 de junho de 2007
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