Golby Pullig, d'A Gazeta
Meses de pesquisa, um ano de inteiro de trabalho e seis de espera para ver impresso um desejo nascido diante de um barranco às margens do Rio Acre. “Amazônia dos brabos” veio na forma do primeiro volume da Coleção Biblioteca Popular depois que seu autor, o jornalista e escritor Archibaldo Antunes aceitou convite do senador Geraldo Mesquita Júnior para inaugurar o projeto que prevê a distribuição de títulos literários como forma de estimular a difusão da leitura no Brasil. Escrito em 2001 e revisado duas vezes antes de publicado, o romance narra entre outros fatos históricos, a trajetória de João Gabriel de Carvalho e Melo, cearense e protagonista de um drama pessoal que o colocaria co-mo um dos principais desbravadores do Acre.
O alcance desses acontecimentos sobre o autor do romance recebeu primeiro estímulo do historiador Marcus Vinícius das Neves. A convivência entre ambos garantiu o mote para o livro. “Ele abriu para mim uma janela sobre o passado acreano. Quando fui a Porto Acre tive a idéia de escrever uma história sobre esse assunto”, conta Archibaldo que preferiu não ler outros títulos similares para não se deixar influenciar. A exceção ficou com Leandro Tocantins e sua Formação Histórica do Acre, de onde foram extraídos dados técnicos que dão sustentação ao romance. “Não me preocupei muito com isto. Usei eventos históricos e reproduzi com as cores que a ficção permite”.
Em “Amazônia dos brabos” o leitor terá contato com três momentos da história do Acre que tiveram como protagonistas Galvez, Plácido de Castro e João Gabriel de Carvalho e Melo, entre outros personagens que relatos e documentos reconhecem a existência mas que a própria história trata de negligenciar. Eles se tornam o eixo de narrativas sobre as guerras e conflitos que ponteiam a formação do Estado. Acreditando que existem pessoas com habilidades, talentos e capacidades que conseguem aliar a atitude correta no momento adequado, o autor se distancia da heroização dos seus personagens. “O mais difícil de abordar foi Plácido de Castro. É complicado humanizar os heróis”, avalia.
Livro de graça
O projeto da Coleção Biblioteca Popular foi criado e está sendo executado por ini-ciativa do senador Geraldo Mesquita Jú-nior. É inédito no âmbito do Senado e coloca em prática a idéia de publicar obras de domínio público de autoria de escritores consagrados e que formam o conjunto da literatura brasileira. A dificuldade de penetração no mercado editorial de escritores que vivem fora da região sudeste foi um dos fatores responsáveis pelo atraso na publicação de “Amazônia dos brabos”. Mesmo trabalhando em um novo projeto, um relato sobre a vida de todos os ex-governadores do Acre, Archibaldo sonha com um novo romance. Não quer mais parar de escrever.
Influenciado pelo irmão se tornou leitor maduro, mas o primeiro livro lido apenas aos 12 anos causou impacto. Aos 16 soube que seria escritor. “Minha existência seria condenada à mediocridade se não fossem os livros. É lógico que um escritor quer ganhar pelo seu trabalho, mas não vou me preocupar em ficar vendendo livro de porta em porta”. Com estes Archibaldo Antunes, em sua estréia, não precisa se preocupar. O volume I da Coleção Biblioteca Popular teve tiragem de 5 mil exemplares.
Serão distribuídos gratuitamente. O único pedido que os autores do livro e do projeto fazem é que as edições sejam passadas adiante assim que o leitor concluir a leitura. Uma forma de democratizar o acesso ao livro. “Amazônia dos brabos” será lançado no dia 28 de junho em Rio Branco, às 19 horas, no auditório da Fieac.
domingo, 10 de junho de 2007
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Um comentário:
Tenho grande interesse na trajetória de João Gabriel de Carvalho e Melo.
Sou estudante de História da Universidade Federal do Ceará, e estou desenvolvendo um projeto de pesquisa para minha pós-graduação.
Nessa pesquisa, desenvolvo uma discussão sobre as migrações do Ceará à Amazônia no século XIX, e entre os sujeitos está João Gabriel.
Apesar dele estar presente na minha pesquisa, não tenho muita documentação sobre sua vivência, o que tenho são algumas cartas que foram publicadas na Revista do Instituto Histórico do Ceará....
Por isso, qualquer informação, ou sugestão, agradeço imensamente..
Tenho interesse em conhecer o seu livro.
Deixo email p contato,
podemos trocar informações sobre o tema das migrações e da vivência da população da amazônia no século XIX.
pnvceara@yahoo.com.br
Atenciosamente,
Alexandre Cardoso
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