quarta-feira, 11 de abril de 2007

CRM ameaça interditar hospital de Xapuri

Os serviços de saúde no Hospital Epaminondas Jácome, em Xapuri, são mais do que precários. A constatação é do Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM), que ameaça interditar a unidade de saúde caso o governo estadual, responsável por sua administração, não tome providências. Na terça-feira, os vereadores do município se reuniram para ouvir a gestora-interina do hospital, Alcelina da Silva Oliveira. Ela confirmou as falhas no atendimento e as precárias condições do prédio.

Em relatório feito no ano passado, os técnicos do CRM constataram diversas irregularidades no Epaminondas Jácome, entre elas a falta de anestesista e banco de sangue. Há apenas uma ambulância para transporte de pacientes. Alcelina também confirmou que uma paciente morreu por não haver um segundo veículo para transportá-la a Rio Branco.

O hospital estadual não possui ambulatório para análises clínicas. O serviço tem sido feito por um centro de saúde administrado pela prefeitura de Xapuri. “Mas durante a noite e nos finais de semana, como o centro está fechado, não dispomos do serviço”, confirmou Alcelina.

Segundo o assessor jurídico do CRM, Miguel Ortiz, o relatório da entidade revelou ainda que os médicos são obrigados a usar cânulas para crianças em pacientes adultos submetidos a cirurgias.

O hospital também não dispõe de aparelho de raio-x, danificado há mais de 30 dias. “Fizemos a requisição da peça que quebrou, mas até agora não recebemos resposta da Secretaria de Saúde”, afirmou Alcelina. Ela contou ainda que um simples reparo num aparelho de ar condicionado pode demorar mais de dois meses.

Preocupação
O requerimento que originou a sessão de terça-feira foi iniciativa do vereador Iran Vasconcelos (DEM, ex-PFL). O vereador se disse preocupado com a quantidade de denúncias que recebe sobre a precariedade do hospital Epaminondas Jácome.

Segundo Alcelina, os pedidos de providência para os problemas detectados pelo CRM foram encaminhados à Secretaria de Saúde. Mas por ter passado por uma reforma inconclusa, o hospital não recebeu as devidas melhorias. Ela disse ainda que no domingo o secretário de Obras do Estado, Eduardo Vieira, foi ao município para avaliar as condições do prédio e garantiu o término das obras, abandonada pela empreiteira que já teria sido acionada na Justiça.

Em conversa com o secretário de Saúde, Osvaldo Leal, Miguel Ortiz ouviu que os benefícios à unidade de saúde foram sustados por causa do imbróglio com a empreiteira fujona.

“A população de Xapuri não tem nada a ver com isso, e o governo precisa cumprir sua obrigação de oferecer o atendimento”, disse ele.

O assessor do CRM atribuiu parte da responsabilidade à maneira como o SUS (Sistema Único de Saúde) é gerido pelo governo federal. “A União concentra as verbas, e aos estados e municípios cabem as obrigações”, disse.

Ortiz afirmou que não pode haver pacientes do município, do Estado e da União. “São todos do SUS”, esclareceu.

O prefeito Vanderley Viana de Lima (PMDB) concorda. E por isso pôs à disposição da diretoria do Epaminondas Jácome os serviços ambulatoriais do município.

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