Juracy Xangai, no www.jurua24horas.com
Os índios kaxinawá da Colônia 27, em Tarauacá, bloquearam a estrada que dá acesso à aldeia e dali para mais de 80 colônias e fazendas do município.
O bloqueio é um protesto dos índios pelo não cumprimento das professas feitas quando da audiência pública para a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), em 2002, quando permitiu a continuação das obras de asfaltamento da BR-364 de Tarauacá para Cruzeiro do Sul.
“A promessa feita para nossa comunidade indígena era a de que se a gente concordasse com o asfaltamento da BR os oito quilômetros do nosso ramal seriam calçados com tijolo ou asfaltado até o final de 2004, mas nada foi cumprido. Hoje a buraqueira e o lamaçal é tão grande que nossos filhos são obrigados a ir e voltar a pé os oito quilômetros para poder estudar na cidade porque condução nenhuma pode entrar lá”, protestou Manoel Kaxinawá que é presidente da Organização dos Povos Indígenas do Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia (Opin), além de ser nascido na aldeia da Colônia 27 onde vivem seus familiares.
Com o bloqueio do ramal Epitácio Pessoa pelos mais de 170 índios, mais de 80 colonos e fazendeiros que abastecem Feijó com alimentos, estão sem ter outro caminho para escoar sua produção. Por isso, Manoel teme que se o problema do ramal não tiver uma solução rápida, isto poderá causar conflitos desnecessários entre índios e não índios, até porque o asfaltamento da estrada irá beneficiar as duas comunidades.
“Para que pudessem dar continuidade às obras de asfaltamento da BR-364 eles prometeram pra gente que iriam asfaltar a estrada e levar outro benefícios para a aldeia. Nos ajudaram a melhorar a produção de peixes nos oito açudes, mecanizaram as terras pros roçados e, por conta disso, hoje temos fartura de comida em nossa comunidade, mas as péssimas condições de nossa estrada é um problema muito sério”, declarou Manoel.
Segundo ele, o bloqueio do ramal está acontecendo agora durante o inverno porque estão exigindo que os acordos firmados na Audiência Pública e que foram avalizadas pelo governo do Estado, Ministério Público Federal, Funai, Funtac, Ibama, Imac, Incra e outras instituições, precisar ser cumprido neste verão que está começando agora.
“Chega de promessas não cumpridas. Na época prometeram atijolar todo o ramal e construir ao lado dele um corredor para passar o gado e outros animais sem estragar a estrada. Agora nós queremos que a estrada seja asfaltada para que nossos filhos tenham mais facilidade para ir à escola. O asfalto dá mais segurança pra gente da nossa comunidade”, concluiu Manoel.
Nota deste blog: Os fatos relatados acima provam mais uma vez que índio no Acre é tratado para a publicidade do governo lá fora. Não é a primeira vez que uma etnia reclama de promessas não cumpridas e descaso das autoridades, as quais têm há décadas lucrado econômica e politicamente para o grupo que comanda o Estado. Só falta agora virem dizer que a culpa é do extinto MDA
sexta-feira, 13 de abril de 2007
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