Archibaldo Antunes
A “indignada” diretora do hospital Epaminondas Jácome, Alcelina da Silva Oliveira, ameaça-me com o rigor da lei caso não me “retrate” por matéria veiculada neste blog e nos jornais O Rio Branco e A Gazeta, além do site ac24horas.com, de título “CRM ameaça interditar hospital de Xapuri”. A valente gestora nega as informações publicadas, atribuindo-as ao Dr. Miguel Ortiz, assessor jurídico do Conselho Regional de Medicina e procurador do município. E acusa-me de “colocar palavras em sua boca” por estar a serviço do prefeito Vanderley Viana de Lima. A retratação já tomou corpo, com o dublê de jornalista Raimari Cardoso encarregado de fazer a justa confrontação das notícias, que do lado de lá conta com um arsenal de jornais e emissoras de rádio e TV pagos com dinheiro público.
Dona Alcelina, que me pareceu uma pessoa sensata e dedicada aos pacientes do hospital mais do que às rusgas políticas paroquianas, afirmou que exigirá as fitas da audiência de terça-feira na Câmara de Vereadores para cotejar as próprias palavras com as publicadas por mim. Poderia poupar-se de semelhante aborrecimento se lesse com maior atenção a matéria que escrevi.
É do ensaísta de Veja Cláudio de Moura Castro a máxima de que no Brasil os leitores, em sua maioria, entendem não o que está escrito, mas aquilo que julgam que o autor quis dizer. Para começar, há uma diferença entre afirmar e admitir, sobretudo quando determinadas verdades, ainda que dolorosas para todos, precisam da afirmação alheia e não a nossa, se sua simples admissão pode resultar em represálias. Como vivemos a política da retaliação petista, entendo que dona Alcelina queira desqualificar a mim e ao Dr. Miguel Ortiz, cujas intervenções na sessão de terça foram as mais lúcidas possíveis, em vez de sustentar verdades simples que todos vêem: por exemplo a de que o hospital Epaminondas Jácome, que ela dirige, possui falhas no atendimento e encontra-se em condições precárias. Nisso não precisa esquivar-se, uma vez que existe um laudo do CRM-AC que o comprova, e que por isso a isenta de responsabilidades pela informação.
Segundo o Sr. Raimari, dona Alcelina afirma “que em nenhum momento confirmou nenhum fato descrito na matéria e que sequer foi entrevistada pelo repórter”. A matéria foi baseada nas informações que integram o laudo do CRM e no próprio depoimento da gestora do hospital aos vereadores. Como a sessão foi pública e as informações esclarecedores, não reproduzi conversa de pé-de-ouvido nem achei necessário colher mais depoimentos da digníssima senhora. Cabe a ela escolher como melhor conduzir as ações do hospital, como a mim o direito de decidir se uma entrevista é necessária após elucidativas declarações públicas. Não a entrevistei e não me arrependo, visto que ela optou por negar depois o que havia dito antes.
Ao blogueiro Raimari, dona Alcelina supostamente disse que as “afirmações de que o hospital não teria condições de funcionamento e de que uma paciente morreu no ano passado por falta de uma ambulância foram feitas pelo procurador jurídico do prefeito, o doutor Miguel Ortiz.”, o que é rigorosamente verdade. Tanto que na matéria escrevi que “Há apenas uma ambulância para transporte de pacientes. Alcelina também confirmou que uma paciente morreu por não haver um segundo veículo para transportá-la a Rio Branco”. Ora, primeiro não atribuí a ela a afirmação, mas a “confirmação” do fato, ainda que ela o tenha feito de modo enviesado, já que explicou que a ambulância, no momento da morte da jovem, transportava outro paciente para Rio Branco. A questão a discutir, a partir desse ponto, é se a morte teria sido evitada se houvesse outro veículo, cuja importância foi prontamente reconhecida por dona Alcelina para outras atividades do hospital, inclusive transporte de enfermos.
Mais adiante a gestora afirma, segundo o blogueiro, reconhecer “que o hospital enfrenta algumas dificuldades por causa da reforma do prédio, mas o atendimento está acontecendo dentro da normalidade”. A denúncia do CRM, porém, de que se está usando cânulas para crianças em adultos submetidos a cirurgias sequer foi contestada, bem como a informação de que o aparelho de raio-x está quebrado há mais de 30 dias. Se isso for um atendimento “dentro da normalidade”, nem imagino o que será um hospital com problemas.
Dona Alcelina tem o direito de não gostar de uma matéria, assim como os moradores de Xapuri o de denunciar as péssimas condições em que se encontra o hospital administrado pelo governo. Tanto que o fizeram reiteradas vezes, daí a audiência onde ela confirmou o que agora está negando.
Quanto à surpresa do subsecretário de Saúde, Sérgio Roberto, com a ameaça do CRM em interditar o hospital, não é de admirar semelhante reação em quem ignora os assuntos mais elementares do ramo. Não fosse a prática petista de enfiar os companheiros pela janela da administração pública, o Sr. Sérgio Roberto estaria desincumbido para seguir seus esforços na Educação, quem sabe para ajudar a livrar o Acre da desonrosa colocação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com mais de 12 anos de competente atuação no CRM-AC, o Dr. Miguel Ortiz confirma a declaração de que o órgão tem poderes sim para interditar hospitais, e que isso acorreu em estados como Rondônia, Pernambuco e Bahia. Ele explica que a intervenção é um procedimento administrativo que inicia com a fiscalização da unidade. Uma vez comprovados os problemas, o órgão notifica o gestor, como foi feito, e exige providências. Se estas não forem tomadas, o Conselho pode optar pela interdição.
A matéria escrita por mim causou algum alvoroço em Rio Branco, inclusive com repercussão de uma emissora de TV local, que foi ouvir do Dr. Ortiz o que ele havia dito na sessão de terça-feira. Quero crer que as autoridades do governo na área de saúde, importunadas pelas notícias que passaram a circular, vejam-se obrigadas ao esforço de minimizar o sofrimento dos moradores de Xapuri. Isso é jornalismo, ao contrário dessas louvaminhas de quem só escreve para adular os poderosos.
quinta-feira, 12 de abril de 2007
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3 comentários:
Mestre Archibaldo, agradeço-lhe pela "corrigenda", ao mesmo tempo que alerto-lhe a corrigir também a sua "Reposta nada indignada à gestora do hospital de Xapuri". Parece-me que não sou o único apressado por essas bandas, não é mesmo? Quanto ao "dublê" de jornalista, esclareço-lhe que, apesar de trabalhar na área de comunicação há (ou a?) quase 20 anos, nunca me arvorei a ser absoluto no domínio da escrita, apesar de saber que vossa senhoria não acredita que o erro pelo qual procura me ridicularizar, tenha sido cometido por desconhecimento. Quero lhe dizer também, que em nada me atrai o título pomposo e, muitas vezes, inadequado, de JORNALISTA, que muitos no Acre ostentam como prova de competência. Não que seja esse o seu caso, de forma alguma. Não lhe conheço, nem sei de qual faculdade veio ou se não veio. Quero lhe dizer enfim, que apesar de estar em campo oposto ao seu, como o senhor mesmo gosta de lembrar, lhe tenho respeito como a qualquer outro vivente dessa cidade, seja ele preto, branco ou amarelo. Em certo artigo escrito por suas mãos, reclamou a minha falta de elegância com sua pessoa e, confesso-lhe sem medo, isso me fez repensar e de certa forma me arrepender de tê-lo chamado de viúva de Márcio Bittar. Não costumo ser deselegante com meus semelhantes, apenas não admito ser chamado de malandro, pois não o sou. Encontro-me à sua disposição. Para debater com elegância e respeito ou, se for o caso, para discutir no nível baixo e detestável que parece estar rapidamente assimilando.
Minhas considerações.
Ah... Quase esqueço. Desculpe e corrija os erros.
Raimari:
Agradeço a correção e aceito o debate em níveis elevados, apesar do seu desejo de me atribuir uma baixeza que não possuo. Tenho, sim, o firme propósito de combater a arrogância e o sarcasmo da companheirada, que em sua maioria se julga mais pura e iluminada que o resto dos mortais para em seguida revelar que é apenas tacanha e despreparada. Isso, claro, não se aplica ao seu caso.
Como, porém, não adianta pedir que o senhor deixe de fazer seu trabalho, como eu não deixarei de fazer o meu, é natural que outras escaramuças surjam logo em frente. Peço, porém, que não as tome como pessoais, pois não são. Da mesma forma imagino que o senhor nada tenha de particular contra mim.
Assim espero.
Até breve.
Archibaldo Antunes
Ao Raimari,
Já se passaramquase qurenta dias, e neste momento peço-lhe, que publique e divulgue, não somente qui como na emissora em que você trabalha, o melhorou no Hospital de Xapuri? pelo menos as grávidas poderiam ser atendida aqui mesmo. E agora Que Elas tem que ir ao Município de Brasiléia se não quiserem ir a Capital?
O que vc tem a dizer? Se culpa era da Aucelina, agora a culpa é de quem?
Você que fez tanta questão de quimar a imagem da aucelina, por que fecou a boca agora?
Por acaso vc foi visitar o prédio e observou o foi melhorado?
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