quarta-feira, 16 de maio de 2007

Leitura recomendada

Em 1989, o então candidato a presidente da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, estava em uma festa com a pequena Lurian quando o ator Antonio Fagundes se aproximou e perguntou quantos filhos ele tinha. “Quatro, todos homens”, respondeu o petista, para revolta da menina. Filha de Lula com a enfermeira Mirian Cordeiro, Lurian só teria a paternidade revelada no dia 26 de abril de 1989, por obra de uma matéria do jornalista Luiz Maklouf Carvalho, do JT (Jornal da Tarde).

No mesmo ano, Maklouf publicaria reportagem sobre nepotismo em cinco das 13 prefeituras conquistadas pelo Partido dos Trabalhadores. Entre os prefeitos que empregavam parentes estava Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002 em circunstâncias misteriosas. Outras sete testemunhas do caso também morreram.

As duas histórias estão no livro Já vi esse filme, publicado pela Geração Editorial em 2005. A obra reúne as matérias de Maklouf sobre Lula e o PT. Fatos dos bastidores das campanhas presidenciais e denúncias de corrupção nas gestões municipais de petistas foram documentados por Maklouf e reunidos no livro.

Um dos maiores escândalos do PT, o caso CPEM, é retratado na obra. Em 1997, a Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM), ligada ao compadre de Lula, Roberto Teixeira, foi acusada por um dos mais importantes quadros do partido, o economista Paulo de Tarso Venceslau, de superfaturar serviços para as prefeituras petistas do interior paulista. Segundo Venceslau, a CPEM era admitida sem licitação e chegou a fraudar assinaturas de documentos e manipular balancetes para aumentar seus lucros, vinculados à receita do ICMS municipal.

Venceslau acusava a CPEM de operar junto às administrações petistas com a finalidade de canalizar dinheiro para o PT. Escreveu cartas detalhando as evidências de corrupção aos principais nomes do partido, entre eles Eduardo Suplicy, Aloísio Mercadante, José Dirceu, José Genoíno e para o próprio Lula. Não recebeu respostas.

Na entrevista ao JT, Venceslau afirmou que Paulo Okamoto era o responsável em arrecadar recursos das prefeituras para o Partido dos Trabalhadores. Em 2006 o nome de Okamoto apareceria envolvido no maior escândalo da história da República brasileira: o mensalão.

Instalada as CPIs dos Correios e dos Bingos, o Supremo Tribunal Federal negou pedido de quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico de Okamoto, mas os técnicos das comissões descobriram 161 ligações entre o presidente do Sebrae e os principais investigados do mensalão. O levantamento foi feito a partir dos dados telefônicos de Delúbio Soares, Duda Mendonça, José Dirceu e do ex-secretário do PT Silvio Pereira.

Maklouf também enfeixou no livro o episódio do empréstimo contraído por quatro deputados federais, entre eles José Genoino, o mensaleiro Paulo Rocha e Ricardo Moraes, do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas. Moraes admitiu prática de corrupção, escuta telefônica clandestina e invasão do Sindicato dos Metalúrgicos. Expulso do PT, o deputado participaria mais tarde da Caravana da Cidadania.

A sanha totalitária dos companheiros seria exposta em matéria do jornalista sobre o fechamento do jornal “Brasil Agora”, do PT, porque a executiva nacional do partido tentou censurar dois artigos que acabaram sendo publicados, à revelia, no informativo.

Já vi esse filme é o relato da trajetória de políticos com discursos moralizantes e prática mendaz. Trata-se de leitura indispensável para quem precisa enfrentar a sanguinolência de PTelhos que, mesmo ante reiteradas demonstrações de canalhice dos companheiros, continuam a imputar aos outros aquilo que eles têm de pior.

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