domingo, 6 de maio de 2007

Lógica de cabaré

O deputado estadual Moisés Diniz (PC do B) resolveu sair em defesa da colocação do Acre no Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. A matéria foi publicada no jornal Página 20 de sábado. Para ele, o 12º lugar no levantamento prova que a educação do Acre, um "estado-criança", está no rumo certo.

Como o comunista ora se apresenta sob a capa da tolice, ora sob o manto da esperteza, não sei se no caso do Ideb ele está sendo tonto ou arguto. O fato é que sua defesa se ampara não no mérito da educação acreana, mas no demérito de outros estados. É a sua lógica de cabaré falando alto.

Para o deputado as coisas aqui vão bem quando estão piores no resto do país. Trata-se, claro, de um sofisma, que rapidamente revela sua vileza se trocarmos os elementos das premissas. Se no lugar da educação colocarmos, por exemplo, a miséria, o comunista dirá que ela é satisfatória no Acre, já que em São Paulo e no Rio de Janeiro há miseráveis em pior situação que os daqui. Claro que isso é uma inversão da coerência, que em Diniz sempre se apresenta subjugada às suas vinculações políticas.

Citar o estado falimentar do Acre como critério para comemoração no levantamento é outra insensatez de quem mais tarde terá de defender os "avanços" sociais do PT. O argumento também invalida outra afirmação do deputado, uma vez que a escola melhor pontuada no Ideb fica em uma das zonas mais carentes do Distrito Federal. Carência de recursos não é o principal problema da educação acreana, e o próprio concorda com isso quando se refere ao Paraná e Rio de Janeiro como exemplos dos que em algum ponto do levantamento ficaram abaixo de nós.

Mas a informação de que nenhum município acreano figura entre as 243 cidades que atingiram 5 pontos ou mais no índice que vai de zero a dez sequer foi mencionada pelo comunista. Esse seria o aspecto mais relevante da questão para quem deseja tratá-lo com seriedade. Começar por admitir que fomos reprovados no levantamento seria um gesto de grandeza que não se viu ainda em Moisés Diniz. Nele, infelizmente, o educador se apequena ante o político. Apressado em apresentar argumentos favoráveis ao governo dos companheiros, o parlamentar enfia o professor no bolso do paletó sempre que sobe à tribuna da Aleac.

Diniz se distingue pela frivolidade. Tem sido pródigo em apresentar projetos inócuos, como o que obriga o governo a dar publicidade às informações da Secretaria de Segurança Pública, dever a que o governo se vê obrigado por imposição constitucional. Ou aquele outro que permite a um empresário escorchado pela carga tributária adotar um estudante, fazendo as vezes de Estado enquanto o governo malbarata o dinheiro da patuléia em publicidade da Companhia de $elva.

A educação, como se vê, é um tema recorrente nos discursos do deputado Diniz. Professor de História com experiência em sala de aula, ele quer se mostrar atento às questões pertinentes ao assunto. Estou seguro de que sua atuação seria bem mais útil dentro da escola (onde poderia lutar para melhorar a colocação do Acre no Ideb e no Enem), que na Assembléia Legislativa.

É uma sugestão que deixo a seus eleitores.

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