Ao elevar o tom no debate que se trava em torno de supostas irregularidades em contras-cheques da Procuradoria-Geral do Estado, o ex-procurador Edson Manchini confundiu questões pessoais com relações institucionais, prerrogativas particulares com deveres públicos. Levantada pelo deputado estadual Donald Fernandes, do PSDB, que se baseou em indícios fornecidos por uma fonte que prefere manter-se no anonimato, a suspeita precisa ser esclarecida doa a quem doer.
Reagir com destempero à disposição do deputado em investigar o caso é dar margem a algumas suposições, entre elas à de que os vencimentos dos ex-procuradores foram de fato engordados por artimanhas. Mesmo que se prove o contrário do que se supõe ante a reação desproporcional de Edson Machini, é preciso frisar que seu comportamento contraria a lógica das relações institucionais. Se elas não prevalecem, é porque nossas autoridades, em sua maioria, não distinguem público de privado.
Manchini foi infeliz ao responder ao deputado em tom ameaçador. Pois Donald não representa a si mesmo, mas uma parcela significativa da população acreana. Esses cidadãos, e outros a eles ligados pelos princípios da igualdade perante a lei, têm o direito de saber a destinação que se dá ao dinheiro público.
Criou-se no Acre, porém, a noção equivocada de que alguns iluminados podem dispor dos bens públicos ao bel prazer. Oito anos de governo petista transcorreram sem uma única prestação de contas quanto à destinação das verbas públicas, como se os administradores estaduais não devessem satisfações aos verdadeiros donos do dinheiro que é muitas vezes dissipado em inutilidades.
Edson Manchini parece emprenhado por essa noção deturpada de que o poder conferido pela população isenta o eleito da fiscalização rigorosa. Parece ignorar que quanto maior o privilégio do servidor público, maior deve ser sua sujeição à transparência.
domingo, 27 de maio de 2007
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